Morte

A morte e uma unica coisa certa na vida e mesmo assim nunca estamos preparados para ela. O meu avo morreu esta manha, depois de uma vida plena. Viveu 93 anos plenamente.

Nao tinha medo da morte, uma vez disse-me que tinha vivido tudo “a grande” e que cada ano a mais era uma bencao. Mas eu tinha medo da morte dele. E agora nao estou preparada para ela…

Quem me dera a mim chegar aos 93 anos e sentir tanta paz e orgulho quando reviver a minha vida nas historias que tenho para contar, exactamente como eu via nos olhos do meu avo quando nos contava as historias da vida dele. Quem me dera a mim viver tudo tao intensamente e com tanto amor como ele. Quem me dera a mim sentir que nao podia ter sido mais feliz nem ter feito os outros mais felizes. Quem me dera a mim que o meu avo pudesse ficar para sempre connosco… Mas ficara, nas historias que nos contou ao longo dos anos. Essas historias sao agora de nos todos, dos que tivemos a sorte de as ouvir, dos que tentamos ainda hoje aprender com elas e esperamos um dia conta-las aos nossos filhos e netos.

As lagrimas correm-me pela face mas sei que nao devia estar triste porque o meu avo nunca estava triste e nao gostava de ver gente triste. Ninguem podia aparecer vestido de escuro ao pe dele, tinha sempre que se usar roupas coloridas, de preferencia floridas. Por isso coloco aqui as flores do teu quintal, para ti avo, que voem pelos ceus de Macau ate Lisboa para saberes (como se nao soubesses…) que estaras sempre connosco. E obrigada por isso!